quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Acordes santos: rock conquista cristãos e quebra preconceito

Luana Gabriela da Silva

Barulho e rebeldia são características comuns à maioria das bandas de rock, inclusive nas bandas gospel. Desde o início o ritmo tem ligação com a música cristã. A história revela que o estilo tem influência da música negra tocada nas igrejas na década de 1950.

O ritmo era mais frenético, apesar da forte influência do blues, e isso tornava as canções diferentes. Até mesmo o Rei do Rock iniciou sua carreira dentro da igreja. Elvis Presley frequentava a igreja com seus pais e admirava a música gospel. O gosto pela música fez com que ele entrasse para um coral e a partir daí desenvolvesse seu dom. O cantor gravou quatro álbuns gospel, Peace In The Valley, His Hand in Mine, How Great Thou Art e He Touched Me.
Com o passar do tempo, o rock foi relacionado às drogas, sexo e inconsequência. Tanto que o estigma “Sexo, drogas e rock´n roll” é senso comum na sociedade atual. No entanto, esta não é a realidade. Basta observar a popularidade do estilo entre jovens que levam uma vida longe destas características.

O diferencial destes grupos evangélicos está nas letras. Eles falam sobre Deus, amor eterno, salvação,etc. Não se sabe exatamente qual a primeira banda evangélica brasileira que se aventurou no estilo, mas acredita-se que foi a Rebanhão, idealizada por Janires, um profeta que sonhava com a revolução da música gospel no país.

Tempo depois surge a banda Katsbarnea, que revolucionou o estilo. Criado em 1988, suas letras tratavam de temas pouco comuns nas músicas cristãs, entre eles drogas, desequilíbrio ecológico e outros. O grupo abre caminho para demais bandas e muitas dão início aos seus trabalhos, algumas como Banda Resgate (SP), Fruto Sagrado (RJ), Oficina G3 (SP), Akza (DF), Kadesh (DF), Catedral e Novo Som, ambas do Rio de Janeiro. Patmus, Código C e Banda Militantes representam a segunda geração do rock cristão. O que se chama de terceira geração aparece há alguns anos no país. E tem representantes em Curitiba.

O underground curitibano é um dos mais movimentados do país, não somente no meio secular, mas também é favorável às bandas de música gospel. O cenário foi o que motivou os irmãos Guilherme Nascimento, Eduardo Nascimento e Márcio Carvalho, da banda Menorra (foto acima) ,a se mudarem de Porto Alegre para Curitiba. “A gente decidiu vir para cá, porque viu que tinha um cenário legal, um pessoal que apoiava a banda. E lá em Porto Alegre estávamos parados, não tinha muito show. Viemos no começo de 2004 e começamos a divulgar o trabalho da banda”, conta Guilherme, guitarrista do grupo.

A banda gravou seu primeiro cd, intitulado Somos Iguais, de forma independente. E recebeu em 2005 o Troféu Sara Brasil FM, premiação anual organizada pela rádio homônima ao prêmio, como melhor banda de rock Gospel de Curitiba. Para Leandro Prado, baixista da Menorra, é difícil conseguir espaço para divulgar o trabalho do grupo. “A gente toca nas igrejas, nos eventos do meio. E assim a gente vai conquistando espaço. Nossa forma de divulgação é a rádio, que é restrita ao meio cristão. E expandir o público é complicado”, afirma. Apesar disso, a banda tem feito show por toda a região Sul, e já tocou para um público de 15 mil pessoas, na Marcha para Jesus, evento evangélico, de 2005.

O objetivo destas bandas não é conquistar a fama e ganhar muito dinheiro, a principal meta é evangelizar através do som. Márcio Carvalho, vocalista da Menorra, defende esta idéia. “A música é um meio de divulgação do reino de Deus. O rock é visto como música do mal, mas a gente está aí para provar que isto é errado”, diz. Para Daniel Krüger, baterista da banda Golgotha, a música pode ser um grande instrumento de evangelização. “Testemunhamos isso em nossos shows, pelos e-mails que recebemos, testemunhos que ouvimos. O rock é uma linguagem universal. Por isso, muitas pessoas que não estariam interessadas em entrar num templo para ouvir uma pregação sobre Jesus, param para ouvir uma música que lhes agrade e trate de temas espirituais”, conta.

Sobre o senso comum de que o rock não é música de Deus, Márcio afirma que tudo é obra de d'Ele. “Quem fez a música foi Deus. E a finalidade da música é para adorá-Lo. Na verdade o Pai do rock é Deus”. Krugüer compartilha da mesma opinião. “O rock nada mais é do que um estilo musical. Uma espécie do gênero musical e, portanto, é igualmente criação divina. Assim sendo, deveria também expressar a Glória de Deus. No entanto, o rock (assim como a música em geral) não está, em sua essência, a serviço de ninguém! É o livre arbítrio do coração humano que define isso”, defende.

No entanto, os grupos que iniciam um trabalho como este, de falar de Deus através do rock, ainda enfrentam preconceito existente até mesmo nas igrejas. “Em alguns momentos sofremos preconceito. Em nossa própria igreja, para ser sincero. Mas a partir do momento em que nossa comunidade entendeu que tínhamos um compromisso sério com a obra do Senhor, o preconceito ruiu”, conta Krüger. “Foi difícil no começo, hoje não mais”, complementa Marcell Silva, vocalista da Golgotha.

Dentro dos templos

Desde quando surgiu o rock é um ritmo que rompe barreiras e quebra regras. Nas igrejas não é diferente. Muitas congregações ainda alimentam o preconceito quanto ao estilo e seus adeptos. O pastor Alexandre Pevidor, acredita que cada instituição tem liberdade para optar quanto ao estilo de louvor das celebrações. “Cada igreja é livre para escolher seu próprio estilo. Algumas são predominantemente jovens. Esta igreja certamente não terá conflitos sobre o rock na adoração, quanto certamente o terá uma igreja predominantemente adulta, especialmente com membros que viveram o período da revolução musical (1970) e viram esta forma musical como "um mal que corrompe a sociedade”, explica.

Apesar das barreiras impostas por formas de pensamento preconceituosas o rock tem sido bem aceito pelos membros e líderes das igrejas. Oséias dos Santos Silva, líder de um ministério de louvor, vê de forma positiva a entrada deste estilo nas igrejas. "É surpreendente o quebrantamento de almas usando o melhor da música. Vemos a conversão de vidas que são tocadas através da música, e suas devidas letras, falando aos corações de todos", afirma.

A Igreja Bola de Neve é conhecida por utilizar o rock em suas celebrações. A denominação tem um estilo jovem e atrai muitas pessoas. “Quando cheguei à igreja me indicaram várias bandas. Era uma forma de eu conhecer mais e me interessar a ficar na igreja”, conta Bruno Thiago Aschwanden. Ele também acredita que o rock tem potencial para atrair os jovens. “Foi assim comigo”, lembra Bruno.

PRAISE ROCK
No próximo mês de março estréia na programação underground cristã de Curitiba o evento Praise Rock. A idéia é juntar todas às sextas –feiras bandas da cidade para louvar a Deus e servir como espaço para evangelismo através da música.

Saiba mais pelos links: http://www.flogao.com.br/praiserock.

*foto: Paolla Grisolli

3 comentários:

  1. ótima postagem , concordo totalmente o Rock pode muito bem ser usado para evangelizar .os jovens sao atraidos pela musica e tem sua vida mudada .Deus abnçoe !!

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. esqueci de dizer uma coisa um amigo meu se entrego a Jesus num show do oficina g3.
    Deus abnçoe esse blog.

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